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José

9/29/2014

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Vozes

José

sobre vocação...
"A vocação para mim é um chamamento a exercer uma determinada atividade prazenteira, em que eventualmente a pessoa se possa realizar, ser feliz no que faz e talvez conseguir os meios de subsistência. Quando consegue tudo isso, o indivíduo é feliz. Se, por acaso, não conseguir os meios de subsistência mas já os tiver, ou por fortuna pessoal, ou porque alguém lhe abona esses meios, então, ainda melhor! "

“Qual é a sua vocação?”

“A minha vocação?! Ora bom, eu comecei por ter uma determinada vocação, fruto do meio em que vivia, que era um meio religioso, muito conservador. A minha mãe era muito religiosa. O meu avô andava muito pela igreja e eu acompanhava, portanto, tive um chamamento para o sacerdócio. Não sei se foi natural, espontâneo, se foi fruto das circunstâncias em que vivia. A meio do caminho, falhou! Alguém responsável percebeu que eu não tinha realmente vocação para aquilo e mandou-me embora! E eu hoje, à distância, digo que essa pessoa acertou em cheio, porque realmente não era a minha vocação! Se tivesse seguido, hoje seria provavelmente cumpridor, mas infeliz e frustrado. Depois veio a vida prática, no trabalho por conta de outrem, para angariar meios de subsistência, para viver...Eu nunca tive, propriamente, a possibilidade de encontrar a minha vocação! Eu aceitei aquilo que me apareceu e que era mais favorável para mim, para os meus intentos económicos, para a minha vida. Felizmente encontrei um bom emprego; trabalhei numa das melhores empresas industriais do país, mas não era aquilo que eu procurava...Aceitei aquilo que me apareceu, não foi uma escolha pessoal, nem tão pouco aquilo que eu desejava para mim."

“ E o que desejava?”

"O que eu desejava para mim, talvez o tenha conseguido entender depois de sair da vida prática e entrar na reforma. Eu não gosto muito do trabalho em grupo...gosto do trabalho solitário, muito ensimesmado, muito solipsista! (risos) Gosto de trabalhar sem pressões, sem pressas ...o que eu gostaria, eventualmente, era de um trabalho de investigação, provavelmente na minha área, das humanidades, filosofia, talvez a escrita. E gostaria de fazer trabalhos para outros, portanto, trabalhar nos bastidores sem ir para a ribalta, está a perceber? Eu não gosto muito da ribalta, gosto de um trabalho quase de monge..."

“Afinal, havia  alguma ligação com o sacerdócio...”

"Não, não! Monge, mas sem essas obrigações, sem todas as exigências que os sacerdotes têm! Uma vida absolutamente normal. Apenas não seria normal neste aspeto: estar muito isolado, a viver muito a minha vida interior, a minha vida solitária...Agora faço mais o que gosto sem pensar na parte material, porque tenho a reforma, que me suprime essa necessidade. Já não há nada que me obrigue à procura de um trabalho para sobreviver, então, dedico-me aquilo que realmente gosto, tardiamente...No meu tempo de trabalho, também tive momentos em que fiz aquilo que gostaria, ao ponto de ter trabalhado gratuitamente, mas era pontual. Eu fui aceitando o que a vida me trouxe...isto tem muito a ver com a filosofia de Nietzsche; aceitação da vida tal como ela é! E foi isso que eu fiz: aceitei! E cumpri de tal maneira, com tanto empenho e rigor que até parece que foi a minha escolha! Por isso, defino-me, em termos simples, como um "rebelde disciplinado”; rebelde porque não era aquilo que eu desejava para mim, mas disciplinado porque cumpri e aceitei como se tivesse desejado. Sem eu ser um seguidor de Nietzsche, parece –me que vivi a filosofia dele! "(risos)

“ O que queria ser quando era criança?”

"Não tenho nenhuma memória particular sobre isso, só me lembro que a partir de uma determinada altura fui  orientado para o seminário, quase fui empurrado! E depois não pensei muito...só quando me disseram: “Tu não serves para isto”, é que eu pensei sobre o assunto. Mas fiquei com a disciplina e criei hábitos que ainda hoje são muito úteis na minha vida. Mesmo quando já estava no trabalho, aceitava e fazia o melhor que podia, mas também criava auto-defesas; a minha vida não se esgotava ali, e fui fazer um curso que queria: Filosofia. Eu saía de um mundo de imposições, de disciplina, de regras e de fazer o que outros mandavam, para realmente dar largas a uma nova vida! E isto acontecia no mesmo dia; uma parte do dia era de obrigação e a outra de devoção (risos). Isto dava-me um certo equilíbrio, era uma tensão de opostos; de um lado sou obrigado do outro sou livre...e isto fazia-me viver o dia-a-dia o mais tranquilo e o melhor possível."

“O que o faz gostar tanto de filosofia?”

"O mundo das ideias é o mundo que gosto, que me interessa. A política, por exemplo, não me interessa, mas as ideias que estão subjacentes, sim. Ainda hoje sou capaz de apreciar as ideias de muitos filósofos. Já quem as exercita, quem vai para a praxis, nem sempre me agrada, às vezes até acontece o contrário, fazem-me afastar. No entanto, eu sigo uma filosofia muito própria, concordo com uns numa coisa, mas noutra já não concordo, é uma grande salada...sem nunca desviar da minha vida os dois valores mais importantes; verdade e justiça! Também gosto muito de música! Nos momentos de lazer, é um dos hobbies em que me instruí. Na minha formação inicial estudei música, gosto imenso de ouvir música coral, acompanhada pelo órgão ou pela orquestra, adoro! Também de tocar, embora não sendo especialista..."

“ O que diria a outras pessoas sobre vocação?”

"Eu diria era que, se puderem seguir aquilo que intimamente desejam, que é a sua inspiração para se realizarem, serem felizes e garantirem a sua subsistência, sigam em frente. Se não puderem, têm de fazer, possivelmente, como eu fiz: aceitar aquilo que aparecer para sobreviver e, dentro das suas possibilidades, ir atenuando essa imposição da vida com aquilo que realmente gostam; ou estudando, ou arranjando hobbies que os distraiam e em que possam apreciar a beleza da vida..."

“ Algum momento de referência na sua vida?”

"Tive momentos em que afirmei a personalidade, inclusivamente contra tudo e contra todos, quando vi algumas injustiças. Tive de participar dos meus chefes e, claro, assumir as consequências. Os valores mais importantes na minha vida são a verdade e a justiça e quando outros valores chocam contra isso, não gosto! Tive chefes que, para serem bons para outros, eram injustos comigo. Para mim, a justiça tem de prevalecer sempre."

“Que pessoas admira?”

"Gosto de muitos tipos de pessoas diferentes. Aprecio as pessoas que têm a força e coragem para serem o que são! Todas as pessoas  que não se vendem, que são iguais a si próprias...tive a experiência disso no trabalho; para singrar, não cedi a deixar de ser eu próprio. Se o tivesse feito, talvez tivesse conseguido mais resultados práticos! Mas não o fiz. Fui o que fui e estou feliz!"
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