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Bruno

4/27/2014

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Vozes

Bruno

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sobre vocação...
“Vocação? Para mim a vocação é algo que existe mesmo, não é uma ideia abstrata, ou assim tão abstrata quanto isso! Eu acho que há mesmo pessoas que têm uma aptidão especial para fazer determinadas coisas. Há os que são muito expressivos com as mãos  e que depois se tornam artistas plásticos, outros que não têm habilidade para nada e vão para atores, como é o  meu caso! (risos ) Estou a brincar, mas acho mesmo que há uma vocação. Às vezes, só encontramos muito tarde...algumas pessoas muito tarde, outras demasiado cedo! Mas é algo que sim, que existe mesmo. Embora não seja o estritamente necessário para se ter sucesso em alguma coisa! Vocação não significa sucesso, nem significa que tu vás fazer, ou que faças bem essa coisa para a qual tens vocação, se não a treinares, não é?"

“O que sentes que é a tua vocação?”

“ A minha vocação?! Se calhar ainda não descobri! (risos)...sinto-me atraído pelas artes, em geral...mas mesmo em geral!...Se bem que eu depois não tenho nenhum talento especial para a música, nem nenhum talento especial para as artes plásticas, embora goste muito e até goste, às vezes, de fazer, mas depois só sai assim; “borrada”! (risos) Então, a única coisa que parece que faço mais ou menos, ou que depois se concretiza e se torna um objeto interessante, é ao nível das artes performativas, mais especificamente no teatro. Mas eu sinto-me atraído por fazer todo o tipo de arte; desde o vídeo à dança...mas depois, claro, eu canalizo isso tudo num objeto só, que é o teatro...”

“ Sentes-te realizado com isso, agora?”

“Sim, sim!”

“ O que querias ser quando eras criança?”

“ Quando era miúdo queria ser biólogo marinho! (risos) Eu gostava muito de ver, via sempre, aqueles documentários da BBC e da National Geographic na televisão e adorava poder fazer aquelas investigações, aquelas excursões todas ao fundo do mar...estar naquelas jaulas a ver os tubarões a passar! Tenho sempre essa ideia...era uma das coisas que eu gostava...depois não..depois cresci!"

“Como é que foi o teu percurso? Conta um bocadinho da tua história...”

“Com 15 anos fui estudar teatro, para o Porto. Eu acho que isso aconteceu de uma forma muito natural...acabou por ser quase uma passagem de testemunho, mas muito natural, não foi nada imposto! O meu pai também era ator, o meu irmão também se formou em teatro... de facto era uma coisa que sempre gostamos de fazer, sempre nos atraiu muito, a qualquer pessoa lá em casa... à exceção da minha mãe que não queria que nós fossemos, porque sabia as complicações da arte, dos artistas...mas eu acabei por, aos 15 anos, decidir que, de facto, também queria fazer isto! Gostava muito, sempre me senti atraído...o meu percurso começou no Porto, a formação começou lá...depois fui fazer uma especialização em Paris...e depois a coisa foi-se desenvolvendo...estive em vários sítios do país a trabalhar, noutras companhias...até que de repente decidi montar o meu próprio projeto porque, não é que não goste de andar a saltitar, eu até gosto de ser nómada mas... eu quero falar pela minha boca! Então, há objetos e há coisas que eu quero concretizar, que tenho mesmo de ser eu a pensá-las..."

“ O quê que no teatro te faz sentir “gosto disto!” O quê que te atrai , porquê que estás a fazer isto?”

“Hum...aquilo que de facto me atrai é uma coisa...eu acho que qualquer artista sente isso...é a forma como nós conseguimos comunicar, expressar o nosso universo. Um universo muito próprio de cada artista, de cada um de nós...porque nós expomo-nos muito nas obras que produzimos, há uma exposição tremenda! E o mais interessante é como as pessoas aceitam como somos e ainda por cima gostam disso! E no final aplaudem o nosso universo! (risos) Há artistas que se calhar não são tão aplaudidos porque as pessoas não gostam tanto do universo! (risos)...Estou a brincar! Não, gostam sempre...somos tão diferentes, não é? E é interessante como é que, por exemplo; a sociedade ruma num sentido que é o de estandardizar as pessoas; de repente nós somos todos iguais, somos tratados de forma igual por todos e é interessante como o indivíduo artista se consegue afirmar, consegue afirmar o seu universo perante um conjunto de pessoas que, ao vê-lo, aceita-o e gosta daquilo que ele faz! Por exemplo, no meu caso, sentam-se... é muito curioso isto...sentam-se, vêm todos a uma hora específica, sentam-se nas cadeirinhas, cem, duzentas pessoas, para ver um artista ou vários artistas em palco e o seu universo ali...para mim é muito curioso todo este ritual! O que me faz de facto feliz é isso, é perceber como cada um de nós é aceite pela sua individualidade...
Com os bobos da corte acontecia algo parecido...quando havia bobos da corte era preciso que que o rei e toda a corte aceitasse  a sua presença...ele ia entrando devagarinho, ia dizendo coisas...estamos a falar a um nível extremo, mas também acontece agora...é mesmo muito sensorial, não é algo óbvio em que dizemos: "não aceito este ator, ou este músico, ou este artista" , mas isso sente-se!” 

“ O que dirias a outras pessoas sobre vocação?”

“Não sei...acho que não vale a pena procurar muito, que as pessoas não têm de procurar muito a sua vocação...às vezes, quanto mais se procura...eu acho que têm de fazer aquilo que realmente se sentem bem a fazer, em que são felizes, não é? Eu acho que é isso, que é a combinação dessas coisas, uma coisa que nós gostamos de fazer, que somos felizes a fazer, por exemplo; se eu pinto muito mal (e isso é muito relativo) mas sou feliz a pintar, se calhar a minha vida passa por fazer isso mais vezes....se calhar devo aperfeiçoar essa arte. Se eu sou feliz a fazer uma determinada coisa, devo apostar nela, acho que essencialmente é isso...acho que é como tudo na vida...se não formos felizes a fazê-lo... Acho que a vocação é isso, é fazer algo que nos sentimos felizes a fazer e depois explorar..."

“Alguma coisa curiosa que queiras contar sobre o teu caminho, na procura, ou a viver a tua vocação?”

“Sim...é que eu estava a aqui a falar de felicidade, de sermos muito felizes...e estava a lembrar-me das vezes em que eu também não fui feliz a fazer aquilo que gosto. Ou seja,  este discurso é muito giro; “ devemos ser felizes a fazer aquilo que gostamos”, só que nem sempre isso acontece. Claro que, depois, quando acontece, toda a felicidade vem de uma vez só! Mas o discurso é muito poético e nem sempre somos felizes a fazer aquilo que gostamos. Estou a lembrar-me de muitas vezes em que, no meu percurso escolar e profissional, me senti frustrado... mas também acho que devemos guardar apenas os momentos que nos fazem felizes e em que nós de facto ficamos contentes com o resultado. Guardar isso como exemplo e esquecer os maus...se bem que os maus fazem parte da história! Portanto, eu queria colocar aqui uma sombra sobre este discurso, muito poético, que estava a desenvolver! (risos)...nem sempre as coisas são cor-de-rosa...” 

Podem encontrar o Bruno aqui e conhecer o seu projeto!
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